Sunday, January 4, 2009

A teoria da (des)organização

Adorei ler um artigo publicado no NYTimes e amavelmente traduzido pelo Marco no nosso fórum. Quando o li fez-me lembrar a minha própria infância quando ansiava tanto por um bocadinho de mistério para subverter uma vida tão bem organizada, graças aos pais maravilhosos que tenho. Quantas vezes não fantasiava com a ideia se teria sido adoptado. Estava mais do que visto que não era o caso porque sou a cara chapada do meu pai. Mas a ideia de ter umas origens misteriosas seduzia-me e invadia frequentemente o meu imaginário infantil. Inventava mil e uma histórias nesta cabecinha, muitas delas inspiradas nos contos infantis que o meu pai me lia antes de me deitar.

A minha grande amiga de infância e eu éramos inseparáveis. O nosso maior sonho era sermos irmãs. Para isto também contribuía o facto de ambas sermos filhas únicas. Na nossa ingenuidade infantil, um dia resolvemos que tínhamos que ser mesmo irmãs e espalhamos uma história pelo nosso bairro que um dos meus pais teria tido um caso com um dos pais dela e assim uma de nós era fruto do pecado. Grande bronca que esta história deu, como podem calcular, mas na altura não conseguíamos entender porque é que os adultos se zangaram tanto connosco. Apenas queríamos ser irmãs; apenas queríamos desorganizar um bocadinho as nossas vidas tão bem organizadas pelos nossos pais.

Ora, eu acho que isto tem muito a ver também com o facto de eu detestar organização e rotina. Odeio ver tudo arrumado no seu cantinho. Basta ver a minha casa ou o meu gabinete na escola para perceberem que a desorganização reina por onde eu passo. Até o destino me ajudou nesse sentido ao desorganizar o meu sonho de maternidade. E detesto quando as coisas ou as pessoas são previsíveis. Acaba com o prazer de tentar adivinhar o que vem a seguir.

Voltando ao início, as minhas origens não estiveram envoltas no mistério que eu tanto desejava para apimentar um bocadinho a minha vida. Talvez por isso agrada-me poder trazer um bocadinho de cor para as origens do meu filho quando lhe falo da forma como foi gerado, diferente de todos os seus amiguinhos. Eu acho que ele "herdou" esse meu gosto pela desorganização. Ela adora aquela história de encantar sobre o ovinho da mamã e a semente do papá que se juntaram num frasquinho com a ajuda da "varinha mágica" da médica. Ele gosta de ser diferente dos outros. Mas eu acho que o que ele gosta mesmo é de saber que as coisas também se organizam no meio da desorganização.

1 comment:

Susana Pina said...

Yesssss!!!! One post in Portuguese!!!!!!! ehehehehe!!!

Amiga, eu sou o oposto de ti, gosto de tudo nos sítios, arrumadinho e sou incapaz de viver na desorganização, essa é a batalha que travo todos os dias contra o meu marido, ele todo desarrumado e eu toda organizada estás a ver, não estás??? Eu sempre atràs dele a arrumar o que ele deixa desarrumado???? Haja saúde...e muito amor...
Bjs grandessssssssssss
Susana